Já que estamos numa de política, a entrevista ontem do mísero professor (as palavras são do próprio) Anibal Cavaco Silva à jornalista Judite de Sousa merecem-me algumas observações:
A vergonha é um bem cada vez mais escasso, nomeadamente no que concerne à classe política (estão em contenção, certamente, dado o presente clima de austeridade). Neste campo todos os quadrantes políticos parecem ser coerentes relativamente a este tipo de comportamento.
O referido professor Cavaco pensará que todos são imbecis. Provavelmente serão, imbecilizados pela injecção permanente de novelas e futebol de qualidade mais do que duvidosa mas que são um precioso auxiliar no controlo de multidões. Na verdade isto faz-me lembrar outra pessoa, outros tempos. Não me lembro bem, parece-me que tinha a ver com futebol, ópio do povo e alguém que caiu de uma cadeira. Esta cabeça já não é o que era... Enfim, continuando. O professor, assumindo a estupidez do povo português fez algumas afirmações curiosas à jornalista Judite de Sousa que o entrevistou ontem na RTP 1:
- Disse o prof. que a questão do BPN é uma calúnia. Ninguém tem nada a ver com a aplicação que ele e a sua adorável esposa fizeram (e fazem) das parcas economias acumuladas como "míseros professores". Para além disso, tais economias estariam distribuídas por 4 (quatro) bancos. Lógico que ninguém tem nada a ver com isso. E nem sei porque é que os professores fazem tantas greves. Se o prof. Cavaco, no exercício dessa miserável função, conseguiu amealhar o suficiente para distribuir por 4 bancos amigos. Admitindo que colocou a mesma importância em cada um e sabendo que aplicou cerca de 100.000 (cem mil) euros no BPN, terá amealhado quase meio milhão de euros. Nada mau. Do que se queixam, srs. professores? Andam a chorar de barriga cheia, certamente.
- Ao que sei o prof. é economista. Mas não deve ser grande coisa. Então o homem coloca assim mais de 100.000 euros na mão de um banco e diz-lhes para fazerem o que quiserem do dinheiro, sem querer saber, minimamente, o acontece a esses míseros (a palavra fica no ouvido, não acham?). Isto é que é um exemplo de desapego material !!!!!!!!! Um verdadeiro monge franciscano...
- O prof. faz uma aplicação de 100.000 euros e em dois anos (quatro, segundo o próprio, como se isso fizesse grande diferença), obtém uma valorização de 140% (cento e quarenta por cento) e não acha isso nada estranho????? Mas que raio de economista é este que não sabe utilizar a álgebra mais elementar???? Eu ajudo: 140.000 (rendimento obtido) : 24 meses = 5.833 euros/mês. Nada mau, para um mísero (não consigo parar....) pé de meia. Se considerarmos os quatro anos dá um rendimento de 2.917 euros/mês, igualmente bom. Pensando nisso, eu preciso para aí de 4 (quatro) meses, ou talvez um pouco mais, para, com o meu TRABALHO, conseguir tal rendimento. Mas parece que isto, para o professor é normal. Mas em que planeta vive este senhor?????
- Curiosamente, após este magnífico rendimento, optou por retirar o dinheiro do BPN. Provavelmente teria outro ou outros bancos que lhe conseguiam algo ainda melhor...
E ainda perguntam as pessoas como Portugal é o que é hoje. Com economistas, destes, de trazer por casa. Ou então não. De facto, numa perspectiva estritamente pessoal (e aparentemente o plano pessoal sobrepõe-se cada vez mais ao colectivo) fez um excelente trabalho.
E o outro? O que diz que é de esquerda mas que gosta mais do
capital do que do ar que respira? Parece que recebeu um dinheirito que não deveria ter recebido. Uns míseros (lá estou eu outra vez) 1.500 euros (3 meses de trabalho para quem aufere o mísero - de novo??? - salário mínimo nacional). Primeiro negou ter ficado com o cheque, depois tinha ficado com ele mas não o tinha descontado, seguidamente, afinal, tinha descontado o cheque mas passou um outro em nome do BPP (outro banco??? Devem andar combinados...). Decida-se homem!!!!! Parece confuso. Será do Alzheimer? Pois, com essa provecta idade pode ser... Este senhor aufere igualmente, ao que parece, uma pensão que, se bem me lembro, deverá andar perto de uns míseros (nãaaaaaaaaaaaaaaaaaoooooooooooo!!!!) 1.500 euros mensais, por conta de alguns miseráveis (consegui!!!!!) meses (meses sim, leram bem) de trabalho numa qualquer rádio. Para um tipo de esquerda não está nada mal.
Estes senhores pensarão certamente que as pessoas estão a dormir, provavelmente com alguma propriedade. Parecem ter esquecido que alguém que se candidata a um cargo público, qualquer que este seja, deve estar acima de qualquer dúvida e suspeita, mesmo que de índole ética e moral, não unicamente na estrita esfera legal. Em países a sério, já vi ministros e altos dignitários demitirem-se por menos (ver
EXEMPLO). Infelizmente a falta de vergonha, a ganância e a sede cega de poder, conjuntamente com a cegueira popular, sobrepõem-se a esta elementar regra do senso comum. Mas não estão sós. Pelo contrário, têm imensa companhia. Aliás, são a maioria. A política do
"nega sempre e segue em frente" é a regra. Até quando vamos permitir este comportamento neste mísero (pronto, foi mais forte do que eu) país???? Está nas nossas mãos. Acordem, porra!!!!!
E agora, um pouco de música para alienar as massas.